segunda-feira, 31 de março de 2014

O ANO COMEÇOU

Ao contrário do que pensam os incautos, o ano na Bahia não se inicia depois do Carnaval, mas sim quando o Vitória começa a jogar bola. E como neste domingo, diante do Conquista, o Leão praticou o fino do Ludopédio, já se pode afirmar sem medo de errar: o ano, finalmente, começou. Atenção, hereges, acertem os ponteiros dos relógios, pois estamos em 2014.
Por falar em acertar ponteiros, foi exatamente isso que os jogadores fizerem antes mesmo de a bola rolar. Reunidos em círculo, parecem que eles se comprometeram a fazer valer o bicho, em todas as acepções da palavra. Algo como um ritual de passagem de ano novo, para ficarmos no campo das simbologias.
E como se precisássemos expurgar fantasmas, o primeiro gol foi exatamente de uma caveira, após um vacilo monstruoso da zaga do Conquista. Menos de 15 minutos a zaga Alviverde ficou assombrada, entregou a rapadura, e Hugo guardou no canto. Vale lembrar que neste interregno (recebam, fariseus, um interregno nos mamilos), o goleiro Augusto quase papa um peru de outro mundo num chute de Ayrton.
Por falar nisso, o lateral voltou a calibrar o pé, meteu uma tamancada assombrosa de fora da área, o goleiro rebateu e Juan deu números finais ao primeiro tempo. 3 x 0. Números finais é modo de dizer, pois se quiséssemos botar a matemática em campo, poderíamos dizer que o Vitória teve 128% de posse de bola, jogou com 114% de garra e técnica, além de ter tido um compromisso tático acima da média.
Aliás, Ney Franco largou o doce: “Nossa equipe é forte quando joga bem postada. Do jeito que vínhamos jogando, poderíamos colocar o Baresi na zaga, o Piazza, o Luizinho, os melhores zagueiros do mundo – e eles ainda ficariam expostos. Fizemos um ajuste no meio de campo, pedi bom posicionamento dos laterais e dos homens que ficam á frente da zaga. Os nossos jogadores são bons, mas estavam expostos. Além da qualidade na parte ofensiva, precisamos fazer um jogo sem correr riscos”.
Perfeito, Ney, só uma pergunta. Por que diabos vossência esperou três meses para perceber o óbvio e mudar o sistema antigo? Assim, minhas 548 pontes de safenas num aguentam, meu caro.
Mas voltemos a falar de jangada, que é pau que bóia.
Na segunda etapa, mesmo sem um centroavante fixo, o time continuou com gosto de querosene. E marcou mais três gols. Aliás, minto. Não foram três gols, foram três golaços, isso sem contar uma infinidade de lances desperdiçados. Porém, não há o que se queixar. Só perde quem cria.

Outro dado extremamente relevante foi que nos noventinha, Wilson fez apenas uma defesa. O fato ocorreu depois que  Rodrigo Defendi espirrou o taco numa cabeçada e o atacante do Conquista chegou de cara com o gol, sendo fungado no cangote por Dão.
Ah, sim, quando a maré tá boa o rio corre para o mar tranquilamente. Do nada, começamos, em tom de galhofa, a puxar um coro de elogios a Dão. Ato contínuo, o referido passou a acreditar. E partia para cada bola como um pedreiro vai num prato de comida após um dia de labuta.
E foi assim que ontem nasceu um zagueiro, assim como também nasceu o ano novo que vai perdurar até dezembro.
Oremos.

P.S Ah, sim. Soube que, depois de saber que o Vitória voltou a jogar bola, houve um rebuliço doido lá pras bandas de Itinga. Aquelas lembranças das goleadas do ano passado voltaram a assombrar. Porém, espero, sinceramente, que caso o Vitória meta nova goleada a torcida tricolor num fique gritando. “Volta, tiririquinha. Devolvam, meu Bahia
Victoria Quae Sera Tamen

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