Matheus Francisco dos Santos, o Chico, é um dos destaques do Vitória da
Bahia na LDB 2013. Mas se engana quem pensa que sua vida se resume a
treinar, descansar e jogar.
Chico não tem mais o privilégio de dedicar-se exclusivamente a seu
sonho de tornar-se um jogador profissional de basquete. Os anos
passaram, o menino cresceu, virou homem. E junto com a idade veio a
responsabilidade de ser o fiador da própria vida, da família. Contas,
necessidades, o mundo que não para pra gente descansar.
Chico começou a jogar basquete aos 11 anos em São Carlos (SP), sua
terra natal. Conterrâneo do pivô Nenê, o menino despontou com brilho na
base paulista, sendo premiado em diversos campeonatos de categorias
menores.
Aos 18 anos, Chico foi tentar a sorte em São Paulo, onde defendeu o
Palmeiras. De lá foi para Araçatuba, depois rápidas passagens por
Limeira e Campinas pra depois chegar à Pindamonhangaba, onde ele
acreditava ter colocado o ponto final em sua carreira.
Então ele voltou pra São Carlos e, já gente grande, começou a trabalhar
fora do basquete. Lida de sol a sol, as oito horas diárias a que a
maior parte do povo brasileiro é submetido cotidianamente.
Hoje, Chico é repositor em um supermercado de sua cidade natal, o
“Tenda Atacado”. E quando pensou que o basquete havia se tornado não
mais que um sonho distante, surgiu a oportunidade de disputar a LDB 2013
pelo Vitória da Bahia. E ele conta como recebeu mais esta oportunidade.
“Quando pintou a chance de disputar a LDB 2013 nem pensei duas vezes,
mesmo tendo outro emprego. Eu sou de 1991, então este é meu último ano
na Liga de Desenvolvimento. E, sinceramente, estou encarando o
campeonato como minha última chance de virar jogador profissional de
basquete. Mais visibilidade que a LDB no Brasil só mesmo o NBB, acho que
nem o Paulista Adulto tem tanta visibilidade como a LDB hoje. Então
tenho me esforçado muito em todas as etapas, dando meu máximo mesmo
porque eu sei que essa é minha última chance”.
E ele considera que tem aproveitado bem a oportunidade!
“Acho que estou fazendo um bom campeonato sim. Claro que eu acho que
poderia jogar um pouco melhor, mas no geral a avaliação da minha
participação é positiva sim. A etapa de Bauru foi a que eu joguei
melhor, entrei até no Top 25 da etapa. E se nas outras não joguei tão
bem como em Bauru, acho que pelo menos consegui manter uma regularidade
ao longo das etapas”.
Chico nos contou que a labuta no supermercado é pesada, trampo sábado,
domingo, feriado, vida social é só uma expressão, bem distante da
realidade do dia a dia. E conciliar a vida das gôndolas e promoções com a
bola laranja é tarefa quase impossível.
“É muito difícil fazer as duas coisas porque o trabalho é bem pesado.
Eu tento, mas é muito difícil. Quando dá eu treino em um time de São
Carlos, mas não dá pra treinar todo dia, então só vou de vez em quando,
umas duas vezes por semana, quando dá. Fora isso tento manter a forma,
malho e quando sobra tempo dou uma corrida, mas nada além disso. E não
tem jeito, tenho que dar prioridade pro supermercado porque tenho que
viver e ele é minha única fonte de renda hoje”.
Chico é mais um exemplo de como é difícil a trilha que leva a ser um
atleta profissional. Não basta ter talento e condição física, isso ele
tem e nem por isto está garantido entre os que passarão o funil. Com
2m04, braços longos e um físico muito esguio, Chico é um ala pivô de
talento inegável, um cara que consegue jogar tanto dentro como fora do
garrafão, conciliando força e agilidade, além de muitos recursos
técnicos.
Mas mesmo com tudo isso ele se encontra hoje, aos 22 anos, entre o
sonho basqueteiro e a realidade da vida, o dia a dia de labuta nos
corredores do supermercado.
Que a LDB não seja sua última chance, mas a porta definitiva, e aberta, ao mundo do basquete!
Matéria publicada no site da NBB (http://lnb.com.br/territorio/categorias/novos-talentos/)
Foto: Site da NBB
Fonte : ECVitória
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