quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Presidente, procure solução – e não sarna


Além da queda, o violento coice. Depois de perder vergonhosamente de 1 x 1 para o ex-rival (sim, empatar com um time fraco daquele é derrota pra se lastimar ad aeternum), o Vitória, segundo matérias publicadas em diversos sites, pode trazer o atacante Souza para vestir a 9 que já foi de Ricky e André Catimba e que atualmente está entregue aos cuidados de Dinei.
A bem da verdade, a história surgiu já faz alguns dias. Ato contínuo, porém, a torcida mostrou logo a desaprovação. Aliás, mais do que isso: expressou nas redes sociais um autêntico repúdio diante da possibilidade do referido jogador vestir o manto Rubro-Negro.
Porém, na quinta-feira, dia 20, o presidente do Vitória, Carlos Falcão, ao perceber o descontentamento da torcida, deu a seguinte e complicada declaração. “Desconheço essa informação. Não sentamos ainda e digo que acho difícil isso acontecer. Precisamos muito de mais um atacante, mas acho difícil a diretoria do Vitória chegar a um consenso para essa contratação”.
Percebam a forma oblíqua como ele tenta dissimular. Primeiro, garante desconhecer a informação para, logo em seguida, dizer que “não sentamos AINDA” e encerrar afirmando que acha “difícil a diretoria chegar a um consenso”.
Então, eu digo, oxente, presidente: num entendi. Vossência desconhece a informação, mas já intui que é difícil se chegar a um consenso na diretoria? Como assim? Aí, eu fiquei confuso. E a confusão aumentou ainda mais com a titubeante entrevista de Ney Franco após o fatídico jogo contra o nosso antigo rival. Primeiro, tentou fazer um malabarismo, se esquivando mais inocentemente do que Anderson Silva na frente de Chris Weidman. Depois, apertado, confessou: “Se depender do treinador, a contratação está aprovada”.
O problema, Ney & Falcão, ou melhor, a solução é que tal contratação não depende somente do treinador e da diretoria. É preciso, é urgente, é fundamental que neste e em outros, muitos outros casos, seja levada em consideração a voz daquele que é a razão de ser e de existir de um clube: o seu torcedor.
E é exatamente isso que vocês parecem não perceber. Estas declarações dúbias já deixam claro uma coisa: a total falta de transparência (poder-se-ia até dizer de honestidade) da diretoria na relação com a torcida. Ouçam um bom conselho. Caso não se busque construir um relacionamento pautado na confiança, depois não se pode reclamar que o torcedor fez isso, aquilo outro e etc e coisa e tals. Já foi o tempo que a torcida servia apenas para ser massa de manobra. Quem não compreender isso, poderá pagar um preço caro. Aliás, já estão pagando. Não é à toa que o número de associados ao clube é extremamente reduzido. É um sintoma de que atitudes deste tipo afastam as pessoas. Para usar uma expressão típica da roça, ninguém pega passarinho gritando xô.
Mas, voltemos a Souza.
Antes de tudo e de mais nada, é preciso deixar claro que a ojeriza da torcida, pelo menos de boa parte com quem conversei, não se resume às, digamos assim,  questões etílicas. Nero ar. Boa parte da nação Rubro-negra conhece muito bem aquele velho axioma de João Saldanha. “Quero ele pra jogar em meu time, não para meu genro”.
A propósito, basta lembrar de dois apreciadores da canjebrina que tiveram o respeito da torcida vestindo a camisa Vermelha e Preta: Allan Delon e Joãozinho. O primeiro, um dos maiores artilheiros da história do Barradão. O outro, um dos principais responsáveis pela conquista do acesso em 2007. Portanto, a questão não se resume a este moralismo de bodega. É um tantinho assim mais complicada.
O problema de Souza é que, entre outras coisas, ele vem de uma sequência de contusões (sejam elas verdadeiras ou fictícias, não nos cabe julgar), custa muito caro e tem um comportamento recente extra campo que o levou a ser encostado em seu clube atual, ao se envolver em panelas e disputas políticas, dando apoio ao ex-presidente marcelo guimarães filho. Se todo o problema dele fosse a canjebrina, não haveria problema.
E, ademais, é como bem disse o menino Elton Serra: o Vitória, neste momento, precisa de um novo Escudero, não de um velho Souza.
Por fim, encerro com mais um conselho, muito repetido pelo meu finado pai. “Quem não ouve aquieta, ouve coitado”.  Portanto, presidente,  procure solução – e não sarna.
P.S. Caso continuem com esta ignomínia, a faixa vai ser a  seguinte: “SE CONTRATAR SOUZA, UCRÂNIA VAI SER FICHINHA!”

Victoria Quae Sera Tamen

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