Contratado como promessa, atacante foi emprestado duas vezes e, após sofrer sem oportunidade, tornou-se o talismã do Vitória no Brasileirão
no Campeonato Brasileiro (Foto: Raphael Carneiro)
É difícil negar que o que primeiro chama atenção em William Henrique é o cabelo. Quem vê o moicano descolorido imagina um jovem completamente desinibido. Não é assim. Pelo menos perto das câmeras e microfones. Se no campo William Henrique tem entrado endiabrado e assombrando as defesas adversárias, fora dele demora a se soltar. Prefere frases curtas. É paciente, sincero e sabe se como se posicionar sobre variados assuntos. Mas dá pistas de que não perdeu a molecagem da adolescência.
William tem sido o destaque do Vitória nas últimas rodadas. Mais do que isso. É o talismã rubro-negro. Ele entrou em oito jogos. Fez quatro gols. Resolveu mais da metade das partidas.
- Estou tendo a oportunidade de entrar bem e a sorte, digamos assim, de estar no momento certo, no lugar certo. Nunca passei por um momento como esse – reconhece o jogador.
Mas nem sempre foi assim. William Henrique foi contratado pelo Vitória no início deste ano como uma aposta. Não teve oportunidade e foi emprestado ao Botafogo-BA. Depois do Campeonato Baiano, mais uma vez sem chance na Toca, voltou a ser emprestado. O destino foi o ASA, e a decepção se repetiu.
- Foi um período conturbado. Acabei me desanimando. Fiquei sozinho e me perguntava: “Está na hora de parar?”. Não dava nada certo, não estava tendo as oportunidades que deveria ter – lembra.
ficou em Pernambuco (Foto: Terni Castro)
- Ele disse que sempre me acompanhou na base. Falou que eu tinha qualidade e que iria mostrar no Vitória. Ele dá a atenção que o atleta precisa. Às vezes, o jogador não está no momento ideal, está passando por problemas fora de campo, e ele entende isso – revela o atacante do Vitória.
As conversas com o novo treinador renderam efeito logo no início. O primeiro coletivo de Willliam Henrique com o elenco profissional foi em uma quarta-feira. Dois dias depois, ele estava entre os relacionados para o jogo contra o Atlético-PR. Entrou em campo aos 27 minutos do segundo tempo, quando o Leão empatava em 3 a 3.
- A gente precisa de alguém que dê confiança. Quando a gente está largado, sem confiança, é ruim. Eu preciso disso. Preciso de uma pessoa para passar confiança – justifica.
A convivência com Ney Franco não foi o único diferencial. Para William, a estrutura do Vitória também fez a diferença. Além disso, outro fator deixou o jogador mais sossegado. No retorno a Salvador, o atacante passou a viver mais com a namorada. Os dois se conheceram na capital baiana no início deste ano, mas tiveram que conviver com a distância após o empréstimo dele para o ASA. De volta à cidade, os dois tiveram motivos para comemorar.
- Eu vim de Ribeirão Preto. Minha família ficou toda lá e eu vim sozinho. É muito bom ter o apoio de quem a gente ama. É fundamental – opina o jogador.
Foi por esse cuidado com o visual que o jogador chamou atenção inicialmente. O corte de cabelo logo levou a torcida a apelidá-lo de Pica-Pau. Com o tempo, a irreverência fez com que caísse nas graças dos torcedores. Mas não é somente pela ousadia visual que ele quer ser lembrado. William Henrique quer mostrar que é muito mais do que um moicano.
- Todo garoto pensa em ser ídolo. Se estiver acontecendo isto mesmo, só tenho a agradecer aos jogadores, dirigentes, funcionários e torcedores. O carinho do torcedor está sendo incrível. É uma sensação muito boa que nunca tinha sentido – diz, ainda deslumbrado, o atacante rubro-negro.
Fonte : Globo Esporte.com
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