terça-feira, 6 de agosto de 2013

Um Vitória de cada um


Você conhece Karl Marx? Não? Pois deveria conhecer, afinal, ele soube, numa única frase, explicar o Vitória.
A vida do ser humano pensante é pautada em ações, reações e reflexões. A gente age em troca de uma reação, de um comentário, de uma opinião, e, tanto a ação quanto a opinião são frutos mesmo é da reflexão. Ou seja: aja com reflexão, reaja, comente, opine também com a mesma reflexão e reflita, bom, reflita com reflexão mais ainda.
Atualmente, o Leão da Barra ocupa a parte de cima da tabela de um dos campeonatos de futebol mais acirrado do planeta. E este tom sensacionalista designado ao Brasileirão não é por pouco, ou nem porque este que vos escreve seja um escriba de tal artimanha. É que, observando (refletindo) direito a tabela, percebe-se, de forma muito clara, a quase paridade de pontos dentre os 10 melhores posicionados. Certo que o Vitória tenha feito apresentações dignas de comentários não tão bondosos, mas também devemos reconhecer uma coisa: há um Vitória para cada um.
Cada torcedor, pelo que parece, vê o Vitória como ele quer. Há quem veja como um time a ser batido, sequer guardando as suas devidas proporções. Há quem ache que este Leão inabalável será o mais novo campeão da Sulamericana. E tem aquele torcedor de “radinho”, que até prefere menosprezar seu próprio time em visão ao time dos outros – e nem importa se é rival. E como posso esquecer daqueles que ficam em cima do muro? Aqueles que esperam o time jogar bem para dizer que estava com a razão em não criticar, ou jogar mal para pedir paciência e, consequentemente, empurrar com a barriga.
A realidade é simples, assim como disse Marx: “E cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”. Óbvio que na visão Marxista de ser, o contexto não era futebolístico, mas olhando bem, isto explica o Vitória de hoje.
A cada atleta que vai ao campo, que defende essas cores rubro-negras centenárias, cabe a si, e somente se, dar sua capacidade. Se Biancucchi corre, luta, busca o jogo, entra com raça, cabe a ele continuar fazendo o dele. Se Michel erra, se falha, se deixa passar o adversário ao ponto de tomar o gol, cabe a ele, segundo sua capacidade, dá-la de forma positiva. E se, finalmente, Cajá falha, erra ou deixa de fazer o bom para o time, cabe também a ele fazer como condiz com sua capacidade. Mas o que não dá mesmo, de forma alguma é continuar não dando a sua capacidade e ficar de ladainha, com provocações, desrespeitando o maior bem de uma agremiação como o Vitória: a sua torcida.
E à torcida, o que cabe? Esta, sim, cabe respeitar suas necessidades, baseando-se pela capacidade de quem entra em campo. Ficar colocando quês e porquês, defeitos e mais defeitos e até vaiar o time, ainda com bola rolando, que, apesar dos pesares, é uma equipe onde cada um coloca em campo sua capacidade – quando quer, no caso de alguns, bom deixar claro -, é, no mínimo, não compactuar com essa frase de Karl Marx que foi citada logo acima.
É como querer um Vitória que apenas atenda a sua necessidade, mas que não atende a sua própria capacidade.
O problema está, também, não esqueçamos, em construir necessidades que, de necessárias, ainda não têm nada. É construir sonhos quando ainda não temos nem a própria necessidade. Sonhar com Sulamericana não é pecado capital, mas é tão venenoso quanto à maçã que Eva ofereceu a Adão. Pensar alto demais, infelizmente, na torcida leonina, é algo perigoso. É algo que acaba desfocando o necessário e tentando abraçar tudo de uma vez, quando ainda o braço é curto. Mas também não devemos pensar na altura do chão; só devemos mesmo é pensar em cada passo e, em cada um deles, seguir veementemente o time, reconhecendo suas limitações e colocando no lugar as suas necessidades, pois, somente desta forma, alcançaremos a crítica construtiva e fundamental e, claro, o objetivo anteriormente traçado.
Portanto, o recado que fica, caro torcedor é: pensar muito alto é o que alimenta a frustração que faz você jogar contra o seu próprio time quando ele ainda precisa de você e está firme na luta.
O conteúdo deste artigo não faz nenhum tipo de apologia política. O uso do nome e da frase do Karl Marx são apenas alusões.

Foto e fonte: Arte/Arena Rubro-Negra

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