Prestes a
completar 27 anos de história, o Barradão continua refém do descaso e vê
o seu futuro entranhado entre promessas vazias e silêncio dos seus
responsáveis e candidatos a tal. A torcida já demonstrou a sua
preferência pelo ‘Santuário’, mesmo diante da moderna e grandiosa Fonte
Nova. Mas a atual diretoria insiste em não concretizar um discurso,
enquanto assiste as mais inusitadas promessas dos opositores. Quem
sofre? A torcida, que se morde de inveja e se contorce de raiva diante
da realidade de que o boom da modernização dos estádios brasileiros não
chegou ao Barradão. Mas por que não chegou? Há uma série de teorias.
Muitos dizem que foi para viabilizar a construção da Arena Fonte
Nova. Na teoria, o consórcio que administra o estádio dependeria dos
jogos do Vitória na arena para alcançar a margem de lucro pretendida. A
boa relação entre o consórcio, a diretoria rubro-negra e diversos
setores da política, empresariado e imprensa esportiva local já seriam
suficientes para comprovar a ideia. Pesam ainda a presença de
conselheiros do clube lotados na administração da arena. Há quem goste
da ideia, mas essa parcela é minoria entre a torcida.
A outra teoria é de que o Barradão se tornou inviável. Esta poderia
ser quebrada facilmente com o recente projeto apresentado pela arquiteta
Fernanda Almeida, unida aos convênios assinados com o governo do
estado, que envolvem desde a construção de uma via estruturante de
acesso expresso entre o estádio e a Avenida Paralela, a famosa Avevinda
Barradão (ou Via-expressa), até a reestruturação do estacionamento,
construção de campos de treinamento, quadras, vestiários e um ginásio.
Entretanto, essaa teoria permanece viva no discurso subjetivo da atual
diretoria.
Em entrevista ao programa Grito Rubro-Negro, da rádio Metrópole, há
algumas semanas , o atual vice-presidente e mais cotado para assumir a
presidência do clube, Carlos Falcão, reafirmou o atraso no projeto da
Avenida Barradão. O edital para a construção da via-expressa ainda não
foi lançado e a verba já fez aniversário nos cofres da Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado, a Conder. Neste final de semana foi a
vez do atual presidente do clube, Alexi Portela, dar entrevista ao mesmo
programa. Entre tantas perguntas, Alexi criticou a Supertintendência de
Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador) pela má atuação
durante os jogos do Vitória no Barradão.
Questionada pelo Arena Rubro-Negra, a
Transalvador informou que “não há má vontade por parte do órgão. É
feita uma operação padrão, geralmente com quatro ou cinco equipes, a
depender da magnitude da partida. Bloqueamos o trânsito em frente ao
estádio com duas equipes, e as outras duas atuam no acesso pela Av.
Paralela. Ônibus não circulam nas vias próximas nos intervalos de uma
hora antes e uma hora depois do jogo. Ainda alertamos aos torcedores que
saiam cedo em direção ao estádio, se não ‘o bicho pega’”.
A teoria que sobra é a mais abraçada pela maioria dos torcedores: é a
de que falta ousadia e vontade por parte da diretoria para viabilizar o
Barradão. O puxadinho da nova sala de imprensa, os bancos de praça ao
lado dos bancos de reserva, os remoldes e armengues que são feitos no
estádio transparecem o desleixo e abandono do equipamento. Quem esteve
presente nos últimos dois jogos no estádio pôde perceber que até a
iluminação pública do entorno do Manoel Barradas está danificada. Nem é
preciso falar sobre o breu que existe do lado de dentro.
As reformas na área estacionamento que estão em andamento darão um
novo status ao Complexo Benedito Dourado Luz, aumentando a eficiência do
CT Manoel Pontes Tanajura. Somado ao ginásio, o Vitória terá um grande
complexo esportivo dentro de Salvador. Restará o estádio, o sonho de
consumo dos mais de 15 mil rubro-negros que frequentam o Barradão¹, e
que pode ser concretizado com apenas um pouquinho mais de respeito, um
pouquinho mais de ousadia e só um pouquinho mais de vontade.
Na foto, com créditos à Secretaria de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, o secretário da mesma, Cícero
Monteiro (à direita), o atual presidente do Vitória, Alexi Portela (à
esquerda) e o futuro presidente do clube, atual vice, Carlos Falcão.
Fonte : Arena Rubro Negra
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